segunda-feira, 27 de setembro de 2010

CRÔNICAS JAGUARUANENSES

                Francisco Moreira Torres, conhecido por Moreirinha, é uma dessa figura que compõe o grande mosaico da cultura popular. São várias as histórias que se contam ao seu respeito, em outra oportunidade estarei colocando a sua biografia neste espaço. Mas enquanto isso vai algumas histórias:


Dizem que certa vez no mercado público da cidade, o qual Moreirinha tinha um quiosque, havia uma mulher de saia, que por distração, sentou-se de uma forma em que se podia ver sua calcinha. A tal mulher estava de frente ao quiosque de Moreira. Os homens dali vendo a cena e percebendo que para se ver melhor o sujeito teria que ficar lá no quiosque de Moreira. Eles tiveram uma idéia, ficaram de um a um indo ao quiosque com pretexto de tomar um pouco d’água de um pote que Moreira havia deixado lá.
- Ô Seu Moreira, posso tomar um pouco d’água?
- Pois não, pode tomar.
                Logo depois veio outro.
- Ô sede da gota, tem como eu to um pouco d’água, Seu Moreira?
- Mas menino! Não faça cerimônia, vá lá!
                Depois mais um.
- Menino, pense na sede!
- Já sei quer água – Moreira já manjando a picardia.
                E mais um. Moreira não deixou nem o sujeito falar.
- Vá tomar sua água, se você vai morrer de sede.
                Naquele instante, Moreira dirigiu-se a moça e disse de supetão:
- Ou a minha filha fecha as pernas e aqueles pangarés vão secar o meu pote.


                Um caminhoneiro da Capital chegou à Jaguaruana todo gaiato, tirando prosa com todo mundo. O povo já tava com raiva daquele sujeito. Foi quando o seu Virtú (outro personagem folclórico que vamos tratar depois) disse:
- O senhor é muito espirituoso e inteligente. Você pode brincar, mas só não brinque com Moreira. O cabra é engenhoso dá nó em pingo d’água. Já enganou até o Ferrabrás (cordel de minha autoria).
- Oxê, esse sujeito é que é bom. Venham comigo, vou envergonhar esse sujeito.
                Juntou-se uma turma com o caminhoneiro e foram no quiosque de Moreira. O caminhoneiro chegando ao balcão bradou:
- Moreira tem muito corno aqui?
- Não, só em trânsito!
                Os gritos e os risos estrondaram ao redor do caminhoneiro.


Essa é melhor história que já ouvi dele, prova a sua astúcia.

                Moreirinha foi delegado da cidade de Jaguaruana. Certa vez, houve uma discussão acerca de que era dono de um bode, essa briga chegou à delegacia. Moreirinha calmamente disse que resolvia aquela briga se os dois concordassem com veredicto do delegado. Ambos concordaram. Então ele disse:
- Vou chamar cada um para sala e fazer uma pergunta, tudo bem?
                Ambos acenaram positivamente com a cabeça. Moreirinha chama o primeiro, este entra imediatamente na sala. Moreirinha fecha porta.
- Bem, você diz que o bode é seu. Então vou fazer a minha pergunta: Se esse bode for seu, você me daria?
- Com certeza, Moreirinha, as graças de Sant’ana com certeza.
- Tudo bem, pode se retirar e chame o outro.
                O coitado do homem saiu sem entender nada. O outro entra na sala.
- Bem, você diz que o bode é seu. Então vou fazer a minha pergunta: Se esse bode for seu, você me daria?
- Oxê, por Nossa Senhora Sant’ana, é seu.
- Pois bem, retire-se. Digo já o veredito
                O outro saiu da sala. Com pouco tempo, Moreira sai e diz para os dois:
- Cadê o bode?
                Ambos apontaram para fora da delegacia, o bode tava amarado próximo a porta. Moreira virou-se para o lado e disse:
- Soldado recolha o bode.
                Os dois sujeitos se entreolharam e perguntaram quase que juntamente:
- Mas seu Moreira, de quem é o bode?
- O bode é meu – disse Moreira voltando-se para sua sala.
                 




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