sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CURIOSIDADES JAGUARUANENSES

TABELA PUBLICADA NO ENSAIO ESTATISTICO DA PROVINCIA DO CEARÁ POR THOMAZ POMPEU DE SOUSA BRASIL , TOMO I, ANO 1863. PERCEBE-SE NESTA TABELA QUE JAGUARUANA AINDA ERA UM POVOADO DENOMINADO CAATINGA DO GÓIS (ABREVIATURA: POV. DA CAT. DO GOES) QUE TINHA COMO PROFESSOR FRANCISCO C. B. DE MORAES, COM 16 FUNCIONÁRIOS EFETIVOS TODO DO SEXO MASCULINO NO ENSINO PRIMÁRIO E 35 ALUNOS TODOS TAMBÉM DO SEXO MASCULINO. OUTRA CURIOSIDADE É O FATO DE SE MENCIONAR O POVOADO DE CAIÇARA (QUE PERTENCE A JAGUARUANA) QUE TINHA COMO PROFESSOR JOAQUIM REBOUÇAS CHAVES COM 6 FUNCIONÁRIOS INTERINOS TODOS DO SEXO MASCULINO E 20 ALUNOS TAMBÉM DO SEXO MASCULINO. SE SOMADO JAGUARUANA NAQUELA ÉPOCA TINHA NA VERDADE 22 FUNCIONÁRIOS ENTRE EFETIVOS E INTERINOS, SENDO 55 ALUNOS AO TODO. VOCÊ SABIA?

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

LIRA JAGUARUANENSE

SAUDADE JAGUARUANENSE





Dos olhos caem lágrimas de uma saudade

Que maltratam com maldade esse pobre coração

Eu sinto falta do rincão velho estimado

Que no poema é retratado como uma recordação



Eu vou voltar

Minha Jaguaruana

Esperei aí, que vou chegar!



Prepara a rede no alpendre lá de casa

Que hoje abro as minhas asas em direção do meu lugar

E vou cantar numa grande sinergia

Pra mostrar a alegria dos seus filhos a versejar



Eu vou voltar

Minha Jaguaruana

Esperei aí, que vou chegar!




Quero ver as suas praças, quero sua Matriz

E o povo tão feliz numa vida aperreada

Quero ver suas meadas colorindo o meu sertão

Quero a rede de algodão espalhada na calçada.



Eu vou voltar

Minha Jaguaruana

Esperei aí, que vou chegar!



Quero ver o “boi tisnado” dançando lá no Giquí

Da cultura que é dali quero ser abençoado

Quero um bom reisado do honroso Mestre Grilo

A rabeca de Quinco, pastoril e o que é sagrado!



Eu vou voltar

Minha Jaguaruana

Esperei aí, que vou chegar!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

CRÔNICAS JAGUARUANESES

POLÍTICA JAGUARUANENSE

O filósofo de Estagira, conhecido por Aristóteles afirmou, certa vez, que o ser humano é um animal político. Na visão aristotélica o cerne da política seria os esforços humanos para se conseguir a felicidade coletiva da Pólis (cidade). A política numa pequena conceituação a arte que busca o bem comum. Contudo em Jaguaruana essa palavra fora distorcida e considerada extremamente prejudicial ao desenvolvimento de uma cidade. Por muito tempo e ainda no presente, a política é utilizada para perseguir, destruir e perpetuar pessoas no poder. Meu torrão tornou-se refém daquilo que podia ser a sua redenção.  Muitos facínoras governaram minha cidade com propósitos pessoais e total detrimento da coletividade. O atraso é um cônjuge de minha cidade, vagueia por todos os lados. Ainda que indesejável por uma parte do povo, o atraso é uma figura pitoresca que não sai da boca dos antropófagos incultos.
E fica uma indagação no ar: quando o meu povo conheça a verdadeira face da política definida por Aristóteles?  

terça-feira, 23 de novembro de 2010

CURIOSIDADES JAGUARUANENSES


Fortaleza, 10 de maio de 2006

FREI HERMÍNIO BEZERRA

Jaguaruana. Do tupi, jaguar-y-uana = moradores do rio da onça. O termo ´uana´ é variante de ´guana´, que é uma forma nasal de ´guara´, sufixo tupi que indica origem. Cidade do Ceará.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

LIRA JAGUARUANENSE

Oráculo que se banhou em meu líquido amniótico
Viu-me surgir para um mundo demasiadamente chato
Tangendo-me para o lado do teatro límpido e sensato
Para cultura popular, folguedos e seu mister caótico

Oráculo que me ofertou esse imenso desejo patriótico
De defendê-lo das truculências de quem lhe é ingrato
Filhos seus perversos que o tornam um ser anabiótico
Sugando criminosamente de seu íntimo o substrato

De sua força imensurável e deverás soberana
Tornando-o mísero, miúdo e adoentado
A mercê de uma condição subumana

Resistindo bravamente um fado tão pesado
E eu hei de ver com brevidade o seu brado
O grito uníssono: “Libertem Jaguaruana!"

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

CURIOSIDADE JAGUARUANENSES

Juraci Vieira de Magalhães (1931-2009), conhecido por Juraci Magalhães, um político influente foi prefeito de Fortaleza nas gestões de 1990 a 1993 e 1997 a 2004. Marcando Era na história política da Capital Cearense com grandes obras que até hoje perduram. Poucos sabem, mas Juraci viveu em Jaguaruana, estudando nas Escolas Reunidas de Jaguaruana (atualmente, Escola de Ensino Fundamental e Médio Manoel Sátiro). Mas muito devem está se perguntando por que Juraci veio parar em Jaguaruana? A escolha de Jaguaruana não se sabe ao certo, contudo o motivo alguns dizem – sem comprovação histórica - que foram divergências políticas com seu pai (Antônio Ferreira de Magalhães). Outro fato interessante – que está registrado oralmente – é que D. Edite (de saudosa memória) fora sua Professora nesse período. Vocês sabiam?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Curiosidades Jaguaruanenses

Curiosamente, o distrito Cruz do Palhano (atualmente, município de Palhano) no dia 12 de Agosto de 1889 foi anexado ao território do município de União (hoje, Jaguaruana) por força da Lei Provincial nº 2155. Mais de um ano depois, precisamente no dia 04 de setembro de 1890 pelo Decreto nº58 o Distrito voltaria a pertencer ao município São Bernardo de Russas (hoje, Russas). Vocês sabiam?

domingo, 7 de novembro de 2010

Curiosidades Jaguaruanenses

Consta na Lei nº 537 de 1948, na gestão presidencial de Eurico Gaspar Dutra, uma obra de linha férrea vinda do Rio Grande do Norte passaria por Jaguaruana-Ceará, contudo a obra nunca fora realizada. Eis o fac-simile:
Fonte: http://www.camara.gov.br/

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

DOS FILHOS DESTE SOLO

FENELON ALMEIDA
            Dia 3 de abril de 2001, regressou à Pátria Espiritual nosso companheiro Fenelon Almeida, jornalista dos mais respeitáveis da imprensa cearense. Nasceu  em 1o de julho de 1918, na cidade de Jaguaruana, CE, filho de José de Almeida Sobrinho e D. Francisca Elisa de Almeida. Estudou no Seminário da Prainha, em Fortaleza, convivendo com o então padre Hélder – D. Hélder Câmara – e outros sacerdotes de grande valor.
            Deixando o Seminário, para ganhar a vida, Fenelon Almeida percorreu várias capitais brasileiras. Voltando a Fortaleza, fundou o jornal “Estudos”, juntamente com os intelectuais Hodson Meneses, Freitas Nobre e Antônio Bezerra. Em 1948, ingressou no jornal “O Povo” destacando-se logo por suas reportagens de impacto, com sua vocação de repórter, sempre abordando assuntos de grande interesse da coletividade, cuja tônica principal era o humanismo. Dizia Fenelon: Todo repórter consciente de sua função social pode e deve fazer humanismo, pregar e propagar humanismo, disseminá-lo pelos caminhos da profissão. Mas, para isso, há de manter o espelho bem polido, para evitar seja deformada a imagem da vida por ele refletida. Com imagens distorcidas ou desfocadas da realidade social, visando a tirar proveito próprio ou levar vantagens a terceiros – melhor seria a tal repórter mudar de profissão. Organizou e fundou o Departamento de Pesquisa do jornal “O Povo”. A vocação de repórter jamais o abandonou. Suas reportagens de impacto na imprensa cearense, transformam-no em repórter-escritor. Reuniu em livros: - As Vozes da Seca - , um importante estudo sobre a música popular e as secas no Nordeste; valiosa fonte de pesquisa para os estudiosos do nosso folclore e da música popular; - Jararaca, o cangaceiro que virou “santo” – reportagens sobre o ataque de Lampião à cidade de Mossoró; - Nessa estrada eu caminhei – com quase 300 páginas, enfeixando outras grandes reportagens e entrevistas palpitantes, abordando temas relevantes, de cunho humano, social e cultural.
            Foi contemporâneo da fase realmente heróica da história da imprensa cearense, da qual participaram: Adaucto Gondim, Aníbal Bonavides, Gerardo Brígido, Antônio Girão Barroso, Caio Cid, Durval Aires, Peri Augusto, Luciano Carneiro, Ciro Colares, Paulo Bonavides, Arabá Matos, Abelardo Montenegro, Antônio Tavares, José Júlio Barbosa, Blanchard Girão, Haroldo Holanda, Alberto Leal Nunes, Pádua Campos, Eutímio Moreira, Walter Moreno, Luciano Barreira, Morais Né, Edmundo de Castro, Lúcio Lima, Deusdedith Sousa, Olavo de Sampaio, Manoel Lima Soares (Néo), Dórian Sampaio, Carlos Pontes, Alberto Galeno, Delmondez Neto, Bruno Maia, Stênio Lopes, Amarílio Furtado de Aquino, Odalves Lima Luís Edgar de Andrade, Juarez Timóteo e outros.
            Fenelon Almeida regressou ao plano espiritual depois de 83 anos de constantes labutas em prol dos menos favorecidos, deixando o exemplo     do heroísmo dos teimosos, como diria Jáder de Carvalho.


Sobre sua morte:
2001 - abril - 03 - Morre, às 9h, no Hospital Regional da Unimed, em Fortaleza, vítima de tumor cerebral, aos 80 anos de idade, o jornalista e escritor Fenelon de Almeida, sendo sepultado no dia seguinte no Cemitério Jardim Metropolitano.
Fenelon era cearense de Jaguaruana e exerceu o jornalismo desde 1948, quando ingressou no jornal O Povo, onde foi o criador do Departamento de Pesquisa, hoje Banco de Dados.
Fonte de Consulta:

terça-feira, 2 de novembro de 2010

CURIOSIDADES JAGUARUANENSES

A primeira vila situada no Vale do Jaguaribe que teve sua elevação a cidade, depois da Proclamação da República, foi a Vila de União (hoje, Jaguaruana) em 11/09/1890. Vocês sabiam?

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

CRÔNICAS JAGUARUANENSES

JAGUARUANA
Por Oswald Barroso

Jaguaruana, antigo distrito de Aracati, denominada inicialmente Caatinga do Góes e depois União, fica localizada no chamado Vale do Jaguaribe, às margens do rio do mesmo nome. Diz-se que muitos habitantes revoltados com a mudança do nome transferiram-se para Fortaleza, onde fundaram o bairro Vila União.
O município apresenta um solo arenoso e de carrasco com vegetação de caatinga, tendo além do rio, a serra, parte da chapada do Apodi, como acidentes geográficos mais notáveis. Sua condição de município ribeirinho implica, entre outras coisas, numa alentada prática da pesca, assim como no uso da irrigação, muitas vezes movida por cataventos, que embelezam a paisagem. Sua população é predominantemente de origem indígena, miscigenada com brancos, em maior número, e com negros. A presença dos índios era significativa, existindo até pouco tempo remanescentes de tribo em lugarejos da Serra. O próprio nome do município evidencia esta presença, sendo que, em tupi-guarani, Jaguar quer dizer onça preta e Jaguaruana, os comedores de onça. A marca indígena aparece em muitos costumes, entre as quais o uso da cabaça da coité, na cozinha, preparada com tecnologia artesanal indígena.
Também é forte sua presença na culinária, através de pratos como o peixe com farinha e batata doce. Ainda, a mesma marca aparece na prática das parteiras e rezadeiras tradicionais. Os negros concentram-se até hoje no Córrego do Machado e nos Afogados. Também é citada a presença dos ciganos, que por muito tempo atravessaram a região. A pecuária e a agricultura constituem-se as atividades produtivas originais do município. No período colonial, Jaguaruana era parada para os rebanhos que se dirigiam do interior até Aracati, onde o gado era abatido nas charqueadas. Na agricultura, ao lado das roças de subsistência, Jaguaruana foi até os anos 70 uma grande produtora de algodão, contando com grandes usinas que, além de descaroçar o algodão, produziam fios, como a Usina Santana. Hoje, porém, esta produção é mínima, e o algodão que alimenta a fábrica de fios ainda existente, é na maior parte produzido no Rio Grande do Norte. Entre os distritos do município, o de Giqui era um dos maiores produtores de algodão. Outro produto importante na região foi a carnaúba, de onde se extrai a cera e a palha para fazer chapéu e outros utensílios. Mas também a carnaúba, nos últimos 30 anos, está em franca decadência. O artesanato de palha, hoje, é muito mais desenvolvido no município vizinho de Itaiçaba, ex-distrito de Jaguaruana. Também é atividade econômica tradicional em Jaguaruana a produção de farinha de mandioca, com a existência de muitas casas de farinha, que produzem ainda vários tipos de tapioca, entre as quais a seca e a molhada.

MUDANÇAS

Atualmente, amplia-se, em Jaguaruana, uma atividade agroindustrial dedicada à produção de fruta e arroz. Toda esta produção vai exportada através do porto de Mucuripe, em Fortaleza. Além disso, assim como no Aracati, o município está sendo invadido pelos criatórios de camarão que, segundo os moradores ribeirinhos, poluem as águas do rio.
Esta diversidade econômica e de etnias alimenta uma cultura rica e plural, que se expressa, em suas formas mais exuberantes, numa enorme quantidade de festas de padroeiros e movimentos religiosos que, entre outras manifestações, incluem as romarias à Serra do Cruzeiro e ainda a existência de terreiros de cultos africanos. Na sede do município, as festas principais são a da padroeira Senhora Santana, na última semana de Julho, e a festa de Nossa Senhora das Graças, na última semana de Novembro. Além disso, em cada distrito e povoado há a festa do padroeiro local: a de São José, em São José; a de Nossa Senhora da Conceição, no Giqui; a de Santa Luzia, em Santa
Luzia; a de Santa Cruz do Borges, no Borges, a de Nossa Senhora do Socorro, no Juazeiro; a de São Miguel, na Catingueira; a de Santo Antônio, no Figueiredo, a de São João Batista, nos Cardeais. Nestas festas, no geral, há quermesses e apresentação de folguedos. Também, são muito animadas as festas de São João, Santo Antônio e São Pedro, com quadrilhas e fogueiras espalhadas por todo o município e, durante a Semana Santa, a Queimação de
Judas é costume arraigado. Mas não apenas são animadas as festas religiosas, o Carnaval jaguaruanense é famoso. Até bem recentemente era feito à moda cearense, com blocos de rua, papangus, bailes em clubes e invasões de casa. Cada localidade possuía o seu bloco. O do Giqui chamava-se Viúva Virgem. Na sede do município, havia o Salão do Povo, do Epinato, onde brincava o Bloco do Povo, comandado pelo Chico Edvan, ou Chico José de Joana que, com a também famosa Anunciata, formava o casal mais popular do carnaval da cidade. Há dois anos, porém, o carnaval passou a ser feito em estilo baiano, com trios elétricos, juntando todo mundo indiferentemente, em um mesmo ambiente público.
A cultura vaqueira aparece nas vaquejadas, havendo três parques no município, com pista para derrubada e salão de forró. Marca presença, ainda, na brincadeira do boi, que tem lugar nos reisados de couro, que teve em José Lúcio, um dos seus mestres mais importantes. Atualmente, em atividade, há o reisado do Giqui, o Boi Tisnado, antigamente dirigido por Zé de Teresa e atualmente por Marigésio. E nos Cardeais, também existe um reisado, que tem por mestre Severino Batista Filho, conhecido por Grilo.
Vivíssimas estão ainda as cantorias e a embolada de coco, incluindo nomes bem conhecidos como Vem Vem e Rogaciano. Famosos, também, são
o rabequeiro Quinco Floriano, do Córrego do Machado, e o bonequeiro Garranchinho, da localidade de Afogados, um artista múltiplo que além de com bonecos trabalha com circo. Aliás, no imaginário dos antigos, é muito viva a presença do circo, particularmente do Circo Garcia, que freqüentava a região.
Até hoje, pequenos circos mambembes costumam passar temporadas nos sítios e lugarejos do município. Entre os folguedos, contam-se também os pastoris, no período natalino, e os dramas, encenados nos salões paroquiais, escolas e residências. Como parte desta cultura tradicional, vale citar ainda as brincadeiras infantis, muitos vivas no município, como as de macaca, bila, elástico, cavalinho de talo de carnaúba etc.
Numa cidade de manifestações culturais tão diversas, os tipos populares são inúmeros. Entre eles, os antigos: Dora, mulher bem singular, que andava geralmente bêbada e assustava as crianças; e o Teixeira, trabalhador braçal de compleição hercúlea, que passava na estrada cantando. Mas também os atuais, vivíssimos: o Moreirinha, ex-prefeito da cidade e delegado, notável por seu bom humor e inteligência, sendo mesmo personagem de folhetos de cordel; Zé Rapadura, um inventor, natural da localidade de Rancho do Povo, que se arrogava ter inventado o avião, antes mesmo de Santos Dumont; a Anunciata, a mais popular e antiga vedete do carnaval local, com mais de 80 anos de bloco; e Dona Zanita, rezadeira do Giqui, uma espécie da bruxa do lugar.
Ao lado destas manifestações da cultura tradicional, há na sede do município, uma vida cultural moderna relativamente movimentada, com um razoável número de artistas e criadores notadamente nas áreas da literatura, teatro e artes plásticas. Como fator de incremento dessas atividades, deve-se apontar o bom número de estudantes do município freqüentando faculdades, não só em Limoeiro, como em Mossoró e outras cidades próximas. Entre os intelectuais e artistas da cidade, cabe citar alguns. Juarezinho, um historiador local, que tem o projeto de fazer o museu da rede. Entre o pessoal do teatro, destacam-se Moacir Ribeiro (teatrólogo e poeta) e Fátima Cláudia. Nas artes plásticas Agostinho Eusébio Filho, o Criança, cuja casa é um misto de instalação e centro cultural. Suas esculturas são inspiradas na caatinga, com suas plantas e animais, a seriema, o carcará. Há ainda o Mardens, que trabalha na mesma linha que o Criança, compondo seus trabalhos com pedras, raízes e madeira. E o Moacir Dantas, pintor.
Na década de 90 se começou a fazer teatro de rua, com incentivo de cursos feitos pelo Instituto Dragão do Mar. Foi criado por Moacir Ribeiro, Igor
Ribeiro e Evaldo Melo, o Grupo Pescadores de Ilusão, e depois a Companhia
Concretizar. Entre os espetáculos criados, há inclusive muitos que têm por tema o fabrico da rede, como a canção Deixa Eu Tecer, de Sabiá Jaguaruanense, nome artístico de Moacir. A canção está incluída na peça
Jaguaruana Lugar Sagrado, Berço da Minha Poesia.
Recentemente, artistas e educadores da cidade criaram a Associação para o Desenvolvimento do Ensino Pesquisa e Extensão de Jaguaruana, que desenvolve uma série de atividades, entre os quais cursos e oficinas voltados para o ensino da arte circense, do teatro, da poesia e da cultura popular, em geral. A prefeitura, em busca de apoiar estas ações, toma algumas iniciativas, a partir de seu departamento de Cultura que tem Karol Ribeiro e Silva, como coordenador. Entre estas iniciativas, está a Jaguaruarte, semana cultural, que se realiza anualmente.
Neste cenário cultural de tradição e animação cultural, desenvolve-se emJaguaruana o artesanato de tecelagem e rede. Muitas vezes centenário, o fabrico de redes em Jaguaruana, até pouco tempo atrás, ocupava não só grande parte da população, mas até mesmo o conjunto da paisagem do município, com o labor artesanal extrapolando o espaço das casas e quintais e se estendendo até as ruas e praças. Antigamente, as redes eram vendidas especialmente para o Norte do país, preferencialmente para o Amazonas, Pará e Acre. Saiam de navio, pelo porto do Mucuripe. Conta-se que, por ocasião das secas e pestes, as redes funcionavam como urnas funerárias, levando os mortos até os cemitérios, mas que, por serem tantos, os mortos eram despejados das redes nos jazigos e elas voltavam para pegar outros. Hoje, embora já não tão absoluto, o artesanato de rede ainda dá a marca da cidade.
Entre seus artesãos, há verdadeiros artistas, como Josemar Pinheiro e Doquinha, que além de redes, trabalham criando nos teares, objetos outros, como redes-sofás, caminhos de mesa, bolsas etc. Para reunir estes artesãos, foi criada a Associação dos Pequenos Produtores de Rede de Jaguaruana.

Esse texto está registrado no Trabalho Acadêmico intitulado: Ceara: uma cultura mestiça de Oswald Barroso

domingo, 31 de outubro de 2010

LIRA JAGUARUANENSE

HISTÓRIA REAL DA MULHER-CAVALO OU CLAMORES DE CONCEIÇÃO
PARTE 14

“Quero agora a licitude,
A sua paz e o seu perdão
Te peço humildemente
 Que me tire à maldição
Nessa hora tão profana
Me dando a forma humana
Te peço de coração”.

“Dei-me um pouco sua atenção
Pro que agora eu vou dizer
O feitiço monstruoso
Eu não posso desfazer
Até posso, mas não faço
Só pra servir de embaraço
E pra ver você aprender”.

“Mas isso vai perecer
Se uma pessoa bondosa
Diante de sua presença
Rezar com fé poderosa
Cada conta de um rosário
Bem defronte ao Santuário
Da Medalha Milagrosa”.

Essa saga curiosa
Que por ora chega ao fim
Nunca foi fantasiosa
Foi o que contaram a mim
Sei que sou poeta tonto
Mas a história que eu conto
Fora realmente assim.
Fortaleza, 03 de Agosto de 2010
Dia de Sol escaldante
Dedico esse cordel ao grande amigo e há tempos sumido do meu convívio social:
Francisco Antônio da Silva (Chiquinho ou Neguinho)

sábado, 30 de outubro de 2010

LIRA JAGUARUANENSE

HISTÓRIA REAL DA MULHER-CAVALO OU CLAMORES DE CONCEIÇÃO
PARTE 13


Aquela fatalidade
Que o capeta lhe rogou
Dentro de poucos instantes
Conceição se transformou
Aparentava um mutante
Uma cena apavorante
Que até o Cão se retirou.

A pobre mulher rezou
Ao Senhor tão glorioso
Que Jesus apareceu
Com semblante luminoso:
“Ó Jesus Cristo me acuda
Eu preciso da sua ajuda
Num momento doloroso”.

“Fiquei um tanto pesaroso
Quando tomara a atitude
De acordar com Ferrabrás
Uma coisa sem virtude
Quem se une com a maldade
Prova dela a crueldade
Construindo o seu ataúde”.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

LIRA JAGUARUANENSE

HISTÓRIA REAL DA MULHER-CAVALO OU CLAMORES DE CONCEIÇÃO
PARTE 12

“Pois pague a agora o que é meu
E deixe de “nove-hora”
Busque seus panos de bunda
E pro inferno “vamo” embora”!
Ana Conceição da Luz
Gritou: “Em nome de Jesus
Ponha-se daqui pra fora”.

O capeta nessa hora
Gritando que nem leão
Praguejou para mulher
Lhe rogando a maldição:
“Ao cantar aquele galo
Tu serás mulher-cavalo
Que é pior que a perdição”.

“Andando nesse mundão
De cidade pra cidade
Procurando os sete filhos
Por toda uma eternidade
Pra aprender que com capeta
Não se faz essa mutreta
E fica na impunidade”.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

LIRA JAGUARUANENSE

HISTÓRIA REAL DA MULHER-CAVALO OU CLAMORES DE CONCEIÇÃO
PARTE 11


“Se quiser eu me rastejo,
Suplicando ajoelhada.
Me revele o paradeiro
E qual o rumo da estrada?
Certamente eu vou pagar
O que irás me revelar
Da forma mais adequada”.

“Você já tá endividada
E nem brinque com a sorte
O cruel José Morais
Já beijou a face da morte
O contrato foi cumprido
Cumpra agora o prometido
Que já lhe dei o meu suporte”.

“Dentro de mim, nasceu um corte
Com o que se sucedeu
Eu lhe dou toda razão
E lhe pago o que for seu
Mas lhe suplico piedade
Me diga a localidade
Que o nojento faleceu”.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

LIRA JAGUARUANENSE

HISTÓRIA REAL DA MULHER-CAVALO OU CLAMORES DE CONCEIÇÃO
PARTE 10

“Eu já sei quem cometeu
Esse fato vergonhoso,
Foi seu pai José Morais
Um caboclo tão maldoso
Que retirando os seus brilhos
Acabou levando os filhos
Prum lugar misterioso”.

“Mas que caboclo engenhoso!”
Disse pobre Conceição
“Onde fica o esconderijo
Daquele ente de ladrão”
Mas o capeta ao falar
Tratando de clarear
Foi dizendo a condição.

“Tenha calma Conceição
Que você tem só um desejo
A sua jura foi de morte
Que farei sem dar bocejo
Já dizer o paradeiro
Dos filhos e do fuleiro
Eu não direi o lugarejo”.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

LIRA JAGUARUANENSE

HISTÓRIA REAL DA MULHER-CAVALO OU CLAMORES DE CONCEIÇÃO
PARTE 9

Procurando a filharada
Fez na casa uma revista
Percorreu todo recinto
Como um especialista
Que procura por bandido
Os filhos tinham sumido
Sem deixar nenhuma pista.

Aquela mulher simplista
Exclamava para o vento:
“A morte para o facínora!
Eu faço aqui um juramento
Em nome da minha paz
Eu quero que o Satanás
Me atenda nesse momento”.

Ao escutar aquele intento
O capeta apareceu
Perguntando pra Ceição:
“O que foi que sucedeu”?
Conceição lhe explicou
O capeta ponderou:
“Esse caso agora é meu”.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

LIRA JAGUARUANENSE

HISTÓRIA REAL DA MULHER-CAVALO OU CLAMORES DE CONCEIÇÃO
PARTE 8

E começou acontecer
Na semana do natal
O seu pai lhe procurando
Com um desejo infernal
De matar a Conceição
E toda a sua geração
Perfurando de punhal.

Conceição lá no curral
E o seu pai na residência
Massacrou o pobre Joaquim
Que não deu nem resistência
Lhe deixou todo cortado
Levando os filhos amados
Sem sentir uma clemência.

E Conceição na inocência
Dirigiu-se a sua morada
Mas ao ver a porta aberta
Fico tão desesperada
Viu somente o seu Joaquim
Envolvido de carmim
Com a sua vida extirpada.

domingo, 24 de outubro de 2010

LIRA JAGUARUANENSE

HISTÓRIA REAL DA MULHER-CAVALO OU CLAMORES DE CONCEIÇÃO
PARTE 7

Parindo sua geração
Como quem planta semente
Tivera sete crianças
Nascidos naturalmente
E por ser mãe tão exemplar
Nunca foi de maltratar
E nem ser intransigente.

Sua família era decente
Alicerçada no amor
As lembranças de criança
Daquele tempo de dor
Já nem tinha mais na mente
O passado deprimente
Os clamores de horror.

Mas o passado, ó leitor
Ninguém pode se esquecer
Se ficar no esquecimento
Ele pode aparecer
Como uma repetição
Coitada de Conceição
Viu seu mundo perecer.

sábado, 23 de outubro de 2010

LIRA JAGUARUANENSE

HISTÓRIA REAL DA MULHER-CAVALO OU CLAMORES DE CONCEIÇÃO
PARTE 6

Ela se tornou um jasmim
Quando o amor lhe seqüestrou
Seu Joaquim naquele instante
O coração lhe entregou
Querendo ser mais que amigo
Resolveu lhe dar abrigo
E com ela namorou.

Pouco tempo se casou
Com um homem tão bondoso
Um rapaz trabalhador
Tão viril e cuidadoso
E sua vida tão tristonha
Foi tornando-se risonha
Algo mais que fabuloso.

O caminho doloroso
Que marcara a Conceição
Aquele passado torto
Que amargou seu coração
Foi curado pelo amor
E aquele traço de dor
Tornou-se recordação.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

LIRA JAGUARUANENSE

HISTÓRIA REAL DA MULHER-CAVALO OU CLAMORES DE CONCEIÇÃO
PARTE 5

Andejou pra se acabar
Nos caminhos do sertão
A mercê de qualquer sorte
Passando por precisão
Vivia da caridade
E do pouco da bondade
Dos que tinham coração.

Pra aumentar a judiação
Que flagela a pobre vida
Conceição tava buxuda
Mas a filha foi perdida
A coitada nasceu morta
E aquela a sua vida torta
Já não tinha mais saída.

Conceição já tão sofrida
Só sonhava em ver o fim
De matar aquela angústia
De uma sina tão ruim
Mas tudo isso se acabou
Quando o seu olhar esbarrou
Com os olhos de Joaquim.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

LIRA JAGUARUANENSE

HISTÓRIA REAL DA MULHER-CAVALO OU CLAMORES DE CONCEIÇÃO
PARTE 4

Não lhe deram disciplina
Só lhe deram amargura
E tão assim que Conceição
Foi tornando-se mais dura
Revoltada e rancorosa
Que aquela menina-rosa
Já não tinha mais candura.

Diante de imensa agrura
Resolveu fugir de casa
Afastar-se da família
Voando com a própria asa
Igualmente um caboré
Foi morar no cabaré
Vivendo na noite rasa.

Mas a dor como uma brasa
Não parava de queimar
Ana Conceição da Luz
Mesmo fora do seu lar
Apanhava de cliente
Tratada como indigente
Pelo povo do lugar.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

LIRA JAGUARUANENSE

HISTÓRIA REAL DA MULHER-CAVALO OU CLAMORES DE CONCEIÇÃO
PARTE 3

Já seu pai tinha outra sina
Era malandro e ladrão
Que deflorou a própria filha
E não tinha coração
Com fama de matador
Espalhou tanto pavor
Por todo aquele rincão.

Não tivera educação
Nem pisara numa escola
Quando tinha tempo vago
Conceição pedia esmola
Parecia não ter nome
E passava tanta fome
Viciando-se na cola.

Imaginem a cachola
Dessa pobre pequenina
Que sofrendo igual Jesus
E desejava outra sina
De viver na santa paz
Deixando o que for pra trás
Uma vida mais divina.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

LIRA JAGUARUANENSE

HISTÓRIA REAL DA MULHER-CAVALO OU CLAMORES DE CONCEIÇÃO
PARTE 2

Esse fato em que me pus
A contar para o leitor
Não tem nada de mentira
É verdade, sim senhor!
Acredite se quiser
O que viveu essa mulher
Foi uma vida só de dor.

Desconhecendo até amor
De Josefa, a genitora
Coitada de Conceição
Era muito sofredora
Porque todo santo dia
A Josefa lhe batia
Ainda era exploradora.

Pois como uma ditadora
Maltratava a tal menina
Obrigando-a cozinhar
E fazer toda faxina
Enquanto ia para o bordel
Pra dançar e tomar mel
Dá dinheiro a cafetina.