sábado, 2 de julho de 2011

CRÔNICA JAGUARUANENSE


A nossa história não me deixa mentir, a cidade que hoje ostenta toda essa força produtiva e incontestável, lá atrás precisou de um componente que andava esquecido de nosso meio: a união! Quando ainda éramos Caatinga do Góis, os nossos antepassados lutaram contra patacuda comarca de Aracati que na época era um importantíssimo centro econômico da província do Ceará, pela o status de distrito de paz; era o primeiro passo para nossa emancipação. A comarca de Aracati resistiu o que pode, inclusive deu o título de distrito de paz ao Giqui com intuito de rachar e extirpar a luta. Contudo, a união deu-nos o que era merecido, Caatinga do Góis viria a se tornar distrito de paz, derrotando as vontades despóticas de Aracati. Após essa vitória gloriosa, a palavra união passou a dormir em nossas redes, passear pela Rua da Matriz e Comércio e vislumbrar ao longe a imponência da Serra D’Antas. Éramos tão íntimos da palavra união que a primeira entidade associativa que lutou pela emancipação apropriou-se do nome “União”. O objetivo era tornar-se vila (titulo da época imperial que equivaleria ao título de cidade), não foi fácil, outra vez Aracati entrou no caminho e nessa hora a união de nosso povo derrubou o gigante. Éramos vila legalmente em 1865 e nessa época já estávamos tão íntimos da palavra união que todo o povo decidiu o nome daquela vila, seria: Vila de União. O romance com a união ia se criando outros triunfos como, por exemplo, a abolição dos escravos antes do estado e do Brasil. Até que um dia, alguns conterrâneos contaminados pelo poder decidiram escorraçar a palavra união de nossa cidade, trocando-a pelo jogo politiqueiro.

Aquela Vila de União dividiu-se em dois partidos que se digladiavam pelo trono do paço municipal. Os velhos tempos de unidos já fazia parte apenas das conversas saudosas dos antigos moradores. Íamos ficando tão afastado da palavra união, que o seu nome já não figurava o nome de nossa cidade. Viramos Jaguaruana e esquecemos-nos de chamar a união para ver o novo nome. Sem a união, o atraso apoderou-se das nossas casas e aqui instalou seus tentáculos. A política bipolarizada contribuía ainda mais para que o atraso fosse se tornando uma amásia.
Não nego que sinto falta da união, ainda que nunca tenha alcançado sua estadia na minha cidade. E sei que é ela que vai nos salvar!

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