ARGEMIRA DEU A LUZ A JAGUARUANA! UMA HOMENAGEM POST-MORTEM
Houve um tempo em que nas plagas do sertão a obstetrícia soava mais que um palavrão do que uma questão de saúde pública. Não havia hospitais e nem posto de saúde, as pessoas recorriam simplesmente as rezadeiras e as plantas medicinais quando queriam curar qualquer patologia. Contudo nas horas do parto só uma pessoa era capaz fazê-lo com parcimônia e sem o risco de uma mortalidade prematura: a parteira. A parteira até um tempo atrás era a obstetriz do sertão, acompanhando suas pacientes antes, durante e depois do parto. Tais mulheres detinham um conhecimento invejável sobre “arte de dar a luz”, apesar de haver altas taxas de mortalidade infantil decorrente muitas vezes da desnutrição e da penúria, era raro ouvi-se falar de infecções pós-parto ou erros durante a operação que pudessem prejudicar a mãe ou o filho. As famílias sertanejas, na sua maioria, eram bastante numerosas quando se tratava de filhos o que aumentava o trabalho árduo das parteiras e as suas responsabilidades na hora de proteger a vida da mãe e dos herdeiros. E por muito tempo foi assim, aos primeiros gemidos de dor da esposa grávida a parteira era chamada. Aliás, algumas parteiras já passavam a residir com a sua paciente quando estava próximo de parir. O parto naquela época era humanizado diferente de hoje que se tornou um ato rotineiro e sem importância. As parteiras geralmente tornavam-se segunda mãe porque elas ficavam cuidando da criança por um tempo até as mães recuperar-se do resguardo (período pós-parto em a paciente repousa e toma certas precauções). E o melhor de tudo isso, as parteiras na maioria das vezes faziam tudo isso de graça, por conta do grande número de famílias carentes que povoavam o sertão. As grandes paladinas da vida mereciam o título de Doutor Honoris Causa de todas as Universidades Brasileiras pelos serviços prestados a nossa sociedade, bem como as maiores condecorações do governo brasileiro.
Uma delas foi-se para recinto celestial sem tido o júbilo de se reconhecida pelo seu trabalho em prol da sociedade jaguaruanense. Dona Argemira ainda chegou a ser homenageada no II Encontro dos Filhos e amigos de Jaguaruana realizado no Cresse no dia 30 de Outubro de 2010 na cidade de Fortaleza, uma justa e merecida homenagem a quem merece nossas infindáveis gratidões. O autor que subscreve também já lhe prestou homenagem através de poemas, canções e textos, exaltando a grande parteira como um patrimônio imaterial de incalculável valor, porém foram muito poucas as homenagens. Hoje dominado pela tristeza presto a família meus pêsames e a consolação divina de sabemos que D. Argemira está ao lado de Deus, ajudando-O a dar a luz aos anjos!
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