sábado, 27 de agosto de 2011

LIRA JAGUARUANENSE


TROVAS SERTANEJAS
 
Fui criado com feijão
Carne velha, ovo, alfenim
E assistindo o Casimiro
Do brincante Garranchim.

Eu já fui um espadachim
Minha espada era de talo
Da saudosa carnaúba
Que também fazia cavalo.

Nesta rede que me embalo
Num balanço bem bacana
Uma rede tão gostosa
É lá de Jaguaruana.

Neste povo reina a gana
Que exercita a sua fé
Na missa da Serra Dantas
Que vai do topo ao sopé. 

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

LIRA JAGUARUANENSE

RUA PADRE ROCHA


Quem te vê assim, ó ruazinha
Deitada sobre uma onça adormecida
Subitamente, fica embriagado com êxtase
E imbuído por uma paixão vadia

Ó ruazinha que sofre de escoliose

Ainda amo-te assim mesmo, ó rua tortinha
Não tão torta como se diz
Mas assim como um pedaço de linha
Que se enrolou num novelo infeliz.

domingo, 14 de agosto de 2011

LIRA JAGUARUANENSE


TROVAS SERTANEJAS  - II

Doce bom é quebra-queixo
Feito pelo Seu “Manel”(*)
Faz mulé pegar marido
E dá juízo pro argel.

A abelha que faz o mel
No pote que morre a sede
E é da mão de um tecelão
Que nasce a querida rede.

A minha trova é parede
Duro que nem uma ripa
Vou comer no Serafim
Um prato cheio de tripa.

Quero dar uma chulipa
Neste tempo-crocodilo
Dando um salve bem sonoro
Ao saudoso Mestre Nilo. 

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(*) Nome abreviado do grande Doceiro Popular Manoel Martins de Almeida

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

LIRA JAGUARUANENSE


TROVAS SERTANEJAS
 
Eu vinha com a castanha
E você com o caju
Eu pegue três avoantes
E você pegou um nambu.

No fogão só tem angu
No quintal só tem capote
Minha cerca é de mourão
No meu poço tem caçote.
 
Se a noitinha vou pro xote
Vou calçado de galocha
Pra passar o “Serafim”(*)
Rumo a Rua Padre Rocha.
 
Eu vi uma cabrita mocha
Na estrada do São José
A menina quando apronta
Tá querendo ser “mulé”.

Foi na fazenda Mundé
Que tomei banho de lata
Comida quando malfeita
Não se encosta nem barata.

Mas coisa boa é mulata
Que requebra no forró
Faz chover no meu sertão
Passa a perna no coió.  
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(*) O nome dado ao trecho do Rio Jaguaribe na cidade de Jaguaruana-Ceará, mas precisamente próximo ao Taboleiro e Carnaubal.